Datafolha: 48% dos eleitores de São Paulo concordam com a suspensão do X pelo STF e 43% discordam
14/09/2024
Pesquisa mostra também que maioria não concorda com multa a quem usar VPN; opinião varia entre votantes de Lula e Bolsonaro. Elon Musk e Alexandre de Moraes
Reuters
Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (14) mostra que a suspensão da rede social X pelo Supremo Tribunal Federal, após descumprir ordens judiciais divide a opinião dos eleitores de São Paulo. 48% concordam com a derrubada enquanto 43% discordam. Outros 5% não concordam nem discordam, e 4% não sabem.
A pesquisa entrevistou presencialmente 1.204 eleitores da cidade de terça (10) até quinta (12). O levantamento foi contratado pela Folha e registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número SP-07978/2024.
A situação entre os dois grupos, a favor e contra, é de empate técnico, considerando a margem de erro de três pontos percentuais do levantamento.
Já em relação à multa diária de R$ 50 mil para quem utilizar programas como VPNs, 56% é contra e 36% é a favor. 4% são indiferentes e 4% disseram que não sabem.
Leia também
5 perguntas para entender embate entre Elon Musk e Alexandre de Moraes
Rivais do X: como abrir uma conta no Threads e no Bluesky
Está difícil desapegar do X? Especialista explica quando uso de rede social vira vício
Conforme o Datafolha, entre os entrevistados, 23% tinham um perfil na rede social até a determinação de tirá-la do ar, em 30 de agosto, enquanto 77% não tinham.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a pesquisa indica uma forte politização e polarização do assunto. Entre os que votaram no presidente Lula (PT) nas últimas eleições, 70% concordam com a suspensão do X. Já entre os que optaram pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a opinião se inverte, e 73% discordam.
O apoio à decisão do STF em relação à suspensão é maior ainda entre quem pretende escolher como prefeito de São Paulo os deputados federais Guilherme Boulos, do PSOL (78% de seus eleitores são a favor da medida), ou Tabata Amaral, do PSB (66%). Na outra ponta, estão os votantes do influenciador Pablo Marçal, do PRTB (80% deles são contra).
O nível de concordância com a interrupção do X também é maior entre católicos e quem tem ensino superior e renda familiar mensal acima de cinco salários mínimos (cerca de R$ 7.000). A discordância, por sua vez, supera entre evangélicos e quem tem ensino médio e renda de dois a cinco salários (R$ 2.800 a R$ 7.000).
Suspensão do X
A suspensão do X foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no dia 30 de agosto e vale até a rede cumprir ordens judiciais, pagar multas e indicar um representante no país.
Comprado pelo bilionário Elon Musk em 2022, o X, que até pouco tempo era chamado de Twitter, não divulga o seu número de usuários. Mas consultorias estimam que sejam 20 milhões no Brasil, um dos principais mercados da rede social no mundo.
Os capítulos até a suspensão
17 de agosto: em um post no X, a rede social anuncia o fechamento do seu escritório no Brasil, alegando que Moraes ameaçou prender a então representante legal da empresa no país.
28 de agosto: em seu perfil no X, o STF responde ao post da rede social com uma intimação de Moraes, exigindo que um novo seja apontado um novo representante da empresa no Brasil em 24 horas. E marca o perfil de Musk. A intimação via rede social é algo inédito, segundo o tribunal.
29 de agosto: Moraes determina o bloqueio das contas da Starlink, outra empresa de Musk, que provê internet via satélite, para garantir o pagamento das multas aplicadas pela Justiça contra o X.
No mesmo dia, após o fim do prazo de 24 horas, o X posta que não seguiria "ordens ilegais e secretas" de Moraes e que esperava ser bloqueado "em breve" no Brasil.
Musk promete que a Starlink funcionaria de graça para seus assinantes brasileiros, porque, com o bloqueio das contas, eles "não teriam como pagar".
30 de agosto: Moraes dá 24 horas para Anatel e operadoras tirarem o X do ar. E prevê multa de R$ 50 mil para qualquer pessoa ou empresa que use qualquer subterfúgio (como VPNs) para contornar o bloqueio e acessar a rede social.
Primeira Turma do STF mantém suspensão da rede X